
Ao viver por estas bandas acabamos por nos ir (devagarinho) habituando a coisas que, no mínimo, causam estranheza por esses lados. Dou-vos exemplos muito concretos:
- o carro do meu distinto vizinho - um senhor de meia-idade, que todos os dias sai para trabalhar, engravatado e de pasta de executivo na mão, num carro pejado de hello-kittys (desde os estofos, ao espelho retrovisor, já para não falar no tabelier;
- os pequeno-almoços compostos por um belo caril de peixe, cujo cheiro revira o estomâgo do mais afoito;
- o anúncio no elevador a lembrar que cuspir no chão é punido por lei;
- o casal de velhinhos que todas as manhãs se dedica ao seu tai-chi no jardim em frente do escritório.
Já vivo cá há uns tempos e, julgava eu, já quase imune a surpresas.
Pois bem, há cerca de semana e meia, recebo uma carta de um banco chinês onde tenho um minúsculo depósito a prazo. A carta cheia de caracteres e eu de papel na mão "como boi para palácio". Junto com a missiva um vale para ir levantar uma dúzia de bolos.
???
Lá fui pedir ajuda para a tradução e, eis que...
... percebo que o dito banco vinha agradecer-me o facto de não ter ido a correr levantar as minhas míseras patalecas quando a crise foi anunciada e que em retribuição me ofereciam uma dúzia de bolos!
Agora, digam-me lá se esta terra não é um requinte... ;-)