quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Lost in translation


Apesar de advogada, confesso, nunca gostei muito de tribunais. Quando ouço falar em tribunal, recordo logo esperas infindas, adiamentos consecutivos, o trato cheio de "salamaleques" e a estopada que é ouvir uma sucessão de testemunhas para a produção de prova.

Ora, se o apuramento da verdade, por vezes, já é complicado quando todos os intervenientes falam a mesma língua, imaginem, associar aos julgamentos uns auriculares com tradução simultânea. Uma confusão!

Mas, tenho de reconhecer, este "lost in translation", aliado à natural diferença de culturas, provoca frequentemente situações hilariantes.

Ontem, num julgamento relativo a um acidente de viação perguntava-se à mulher da vítima como encontrara o marido. A dita senhora ter-se-á com certeza referido ao ar combalido e ao esgar de dor em que o pobre se encontrava, mas a tradutora achou por bem que um "encontrei-o com a cara dolosa" traduziria bem o estado do homem.

A melhor de todas, porém, foi a resposta à pergunta seguinte: "Explique, por favor, porque é que a senhora se despediu do seu emprego para acompanhar o seu marido ao longo do internamento hospitalar". "Porque lhe tinha de ir fazer caldinhos e dar massagens, senhor doutor"!

Óbvio! quem poderá neste mundo sobreviver sem caldinhos e massagens?! ;-)

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