Hoje numa mensagem de correio electrónico, fiquei a saber de uma experiência inédita promovida por um jornal americano de grande tiragem, que resolveu "contratar" Joshua Bell, um famoso violinista (e, por sinal, bem giro) para tocar incógnito e sem indumentária formal, durante 45 minutos, numa estação de metro em Washington, de manhã, em hora de ponta.
A reacção dos transeuntes foi nula.
Três dias antes, Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, mas ali, o desgraçado bem puxava pelas cordas ecoando Bach ou Schubert. A atenção despertada, porém, era pouca ou mesmo nenhuma.
Ironia do destino (ou não), a honrosa excepção à regra foram crianças, que, embora enfrentando a oposição dos respectivos progenitores, mostravam vontade de parar e ouvir. Escutar.
A mensagem terminava concluindo que "todos nascemos com poesia e esta é depois, lentamente, sufocada dentro de todos nós."
Talvez assim seja, mesmo.
Tratemos pois de retirar os grilhões a estes "understatements" de afectos e sentires, que o dia-a-dia nos vai criando ou exigindo.
Só temos a perder com isso.
2 comentários:
Pois, ás vezes esquecemos de parar e escutar... e ver quão injustos podemos ser, não é?
Boa escrita,
PJ
curiosamente há 2 dias estive com a Alice a ouvir um pianista no Atrium Saldanha, e a pensar precisamente nisso. Podia estar ali a tocar o Brad Mehldau que ninguém ligava peva na mesma. Mesmo para o muito bom dá jeito a publicidade, o clima e a noção de sucesso.
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